A variante Sveshnikov da Defesa Siciliana é uma das mais populares
hoje em dia. Obviamente que não pretendo expor todo um tratado sobre essa
abertura, mas sim instigar o leitor a buscar o caminho da compreensão da mesma,
aplicando esse método a toda e qualquer abertura ou defesa que queira se
aprofundar.
Na primeira parte (Conceito
básico de aberturas – Parte 1), vimos sobre a Abertura Ruy Lopez (Variante das
trocas), e compreendemos algo em torno da oculta troca em c6 (4. B:c6). A estrutura de peões originada
após a seqüência de trocas manteve-se sóbria, sem alguma debilidade aparente,
porém com uma pequena vantagem para as brancas (maioria de peões da ala do rei).
Na variante Sveshnikov, da defesa
Siciliana, o leitor poderá se espantar perante a estrutura de peões que as
negras suportam durante a primeira fase do jogo, algo aparentemente fora do
princípio posicional clássico.
Vejamos o que surge após a linha
principal: 1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. d4
c:d4 4. C:d4 Cf6 5. Cc3 e5 6. Cdb5 d6 7.
Bg5 a6 8. Ca3 b5 9. B:f6 g:f6 (Diagrama 1).
Diagrama 1
Nota-se uma evidente desconexão
da estrutura de peões negros, o que denotaria um final praticamente perdido,
caso existissem apenas os reis e peões no tabuleiro (Diagrama 2).
Diagrama 2
Obviamente que a simplificação de
imediato não é boa para as negras. Em função dessa iminente situação, as negras
devem prover de recursos suficientes para não entrarem em uma posição passiva,
onde as maiores debilidades são o peão atrasado de “d6” e as debilidades das
casas de “f5” e “d5”. Felizmente as negras, nessa defesa, possuem o par de
bispos, principalmente o bispo das casas brancas, onde poderão cobrir as
debilidades de “f5” e “d5”. Nessa defesa, a meu ver, as peças devem compensar
as debilidades na estrutura de peões e o posicionamento das negras. Os recursos
ativos vão desde a liberação com o avanço do peão de f6-f5, ações pelas colunas
semi-abertas “c” e “g”, posicionamento de um cavalo, por exemplo, na casa “c4”
e até mesmo o rompimento central d6-d5. É claro que as brancas possuem recursos
equiparados e é por isso que essa defesa, tão em moda atualmente, permite tanto
as negras, quanto as brancas, uma partida rica em possibilidades, com ações
muito agudas, quando bem jogadas. Cabe ao estilo de cada jogador escolher esse
tipo de defesa, mas para incursionar-se nesse mega labirinto de possibilidades,
há que se preparar muito bem.
Espero que o leitor amigo não
tenha se decepcionado com as análises muito simples que fiz tanto da variante
das trocas, da abertura Ruy Lopez, quanto da variante Sveshnikov, da defesa
Siciliana. A minha intenção é de demonstrar que quando queremos estudar uma
determinada abertura, há a imperiosa necessidade de entender sua essência básica,
antes de nos aprofundarmos no emaranhado de variantes. As novidades teóricas serão
bem mais compreendidas e nossa capacidade de resolver determinadas situações
serão bem mais rápidas. Independente de qual abertura for estudar, lembre-se
que ainda pendura uma das máximas de Emanuel Lasker: “Os peões são a alma do xadrez”.
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