Richard Réti foi um dos
principais jogadores do mundo durante os anos 1910s e 1920s, ele começou sua
carreira como um jogador combinativo conforme a escola clássica, favorecendo
aberturas como o Gambito do Rei (1.e4 e5 2.f4). Entretanto,
depois do fim da Primeira Guerra Mundial, seu estilo de jogo sofreu uma mudança
radical, e ele se tornou um dos principais proponentes do hipermodernismo,
junto com Aron Nimzowitsch e outros (Fonte: wikipedia)
Dentre seus estudos acerca das várias
fases do xadrez (Abertura, Meio jogo e Final), tornou-se o mais famoso o estudo de final entitulado “Final de Réti”
(Diagrama 1).
Final de Réti. Jogam as brancas e empatam.
As brancas encontram-se num
dilema sem solução, aparentemente. Ir atrás do peão passado negro (h5) ou
apoiar o seu próprio peão passado (c6)? Apoiando-se a este dilema, percebe-se
que não lhes resta senão abandonar visto que as análises de variantes comprovam
a ineficácia dos dois planos. Vejamos:
Plano 1 - Ir atrás do peão
passado negro (h5):
1. Rh7 h4 2. Rh6 h3 3. Rh5 h2 4.
Rh4 h1=D+ e as negras coroaram em Dama, restando poucos lances para dar mate ao
rei branco.
Plano 2 – Apoiar o próprio peão
passado (c6):
1. Rg7 h4 2. Rf7 Rb6! (evitando a
aproximação do rei branco) 3. Re7 R:c6 e as negras capturam o peão branco,
podendo facilmente coroar seu próprio peão passado.
No entanto e se as Brancas
pudessem aliar os dois planos de tal sorte que forçassem as negras a perder
tempo na escolha do que fazer, ou seja: devolver a elas o mesmo dilema que as
atordoavam? Será que há solução? Vejamos então:
Plano 3 – Conciliar a ameaça de
captura do peão passado negro (h5) com a ameaça do apoio ao próprio peão
passado (c6):
1. Rg7 h4 2. Rf6! Rb6 (ou 2. ...
h3 3. Re7 h2 4. c7 Rb7 5. Rd7 h1=D 6. c8=D+ e as brancas conseguem coroar dama,
o que levará ao empate certo) 3. Re5!! h3 ( 3. ... R:c6 4. Rf4 h3 5. Rg3 e as
brancas conseguem capturar o peão passado negro, com empate salvador) 4. Rd6! h2
5. c7 Rb7 6. Rd7 h1=D 7. c8=D+ coroando também em dama e conseguindo uma posição
de empate teórico.
Acredito que no xadrez, como na
vida, determinadas situações que nos parecem perdidas, com um pouco mais de análise
e serenidade, podem ser resolvidas. O que aparentava ser uma posição perdida
para as brancas possuía uma solução. Esse é um dos exemplos do porque que o xadrez se torna tão
fascinante!
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