segunda-feira, 30 de julho de 2012

A “difícil” arte de concretizar uma Vantagem material


O objetivo principal do xadrez é dar xeque mate ao rei adversário, no entanto, para se chegar a esse fim os meios são, muitas das vezes, um caminho cheio de pedras a se transpor. No xadrez moderno, salvo exceções raríssimas, o xeque mate não chega a ser consumado, pois o adversário possui ainda a opção de simplesmente abandonar a partida, dando a vitória ao seu oponente. Para o iniciante a decepção é evidente, visto que foge daquele objetivo que ele tanto se agarrou: dar o xeque mate! E talvez, por isso, o interesse pelo xadrez possa se esmaecer pouco a pouco.

A medida que vai evoluindo, um enxadrista percebe que os meios são na verdade a essência do xadrez. Os conceitos de estratégia, de tática, o conhecimento em aberturas, em finais, são todo um legado que carrega para se chegar ao fim desejado. Em geral a vantagem material é, por fim, a coroação de toda essa investida ao adversário. È, talvez, a última pedra a se transpor para se chegar, em fim, ao xeque mate. E quando essa vantagem material é evidente? Como podemos administrá-la até o fim? O quão difícil é mantê-la, principalmente se nosso adversário não abandona? Essas são algumas das muitas perguntas que nos assolam durante uma partida, principalmente nas partidas oficiais, onde o relógio é um vilão em potencial. Mas, vejamos alguns exemplos para melhor compreendermos esse tema:



 Diagrama 1

No diagrama 1 acima, percebemos que a vantagem material das brancas é evidente. Um bispo e um peão pronto para coroar. Nessa posição, jogam as brancas e desafortunadamente resolveram realizar o plano da coroação com 1. f7+, que foi respondido com 1. ... Rh7. Aparentemente nada aconteceu, mas as brancas continuaram com seu plano e seguiram com 2. f8=D? (lance ruim), culminando com a coroação em Dama! Percebe-se que após o último lance das brancas não resta mais nada do que se conformar com o empate! Sim, empate! Visto que o rei negro está na posição de afogado, o que é um tipo de empate. Com isso, vemos que todo o esforço de conseguir a vitória foi desperdiçado num único lance, o que deve ser muito decepcionante! Uma solução razoável poderia ser a coroação em Torre (2. f7=T), pois assim o rei negro teria a casa g7 para se mover, não caindo (brancas) na armadilha do rei afogado.Vejamos outro exemplo mais sutil:


 
 Diagrama 2

No diagrama 2 acima, as brancas possuem um cavalo a mais, mas querendo resolver a partida de forma mais rápida, resolvem tentar a simplificação em “grande estilo” com a combinação 1. D:d7? D:d7 2. Cf6+ Rg7 3. C:d7, ganhando mais um cavalo! Porém, se olharmos com mais atenção percebemos que agora são as brancas que estão perdidas com a simples resposta 3. ... Te1 ++ (cheque mate). Antes de efetuarem a combinação iniciada com 1. D:d7?, poderiam resolver todos os seus problemas com o simples 1. f3 e se as negras prosseguissem com 1. ... f5, seguiria a combinação com 2. D:d7 D:d7 3. Cf6+ Rg7 4. C:d7, pois agora o mate em e1 não seria mais possível, tendo em vista que a casa f2 serviria de escape ao rei branco.

Existem inúmeros exemplos desse tipo no xadrez. A vantagem material, muitas vezes, nos traz certo alívio e dessa forma acabamos por relaxar durante a partida, despreocupando-nos de ocultas ameaças, ainda que elementares, como a nos dizer: Estou ganho, agora é só esperar o abandono do meu adversário. Portanto, leitor amigo, não pense que isso possa acontecer unicamente com você. Até mesmo os Grandes Mestres se deparam com esses problemas. Para que evitemos ao máximo esse problema, requer tratar a posição com vantagem material de forma técnica e sempre respeitando o adversário, pois como já dizia um Grande Mestre: “No xadrez, quem ganha é sempre o que comete o penúltimo erro.”

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